“Sem
mácula e santos pelo Amor...”
(Ef
1, 4)
Por
si só nossa natureza é divina! Desde o princípio, no Antigo Testamento, Deus
selou o ser humano com a marca da divindade e separou-o para Ele. Não nos é
estranho este assunto. Somos seres divinos. Mas como? Poderia o homem
igualar-se a Deus e tornar-se senhor de si mesmo e até dos outros? Nós, meros
seres mortais, poríamos considerarmo-nos eternos? Seres transcendentes e sem
limites? Mas, se aqui tratamos de predestinação, como
poderemos explicar os que não crêem e não aceitam tal natureza? Tudo isso é
natureza da fé e sobre a fé, nada nos pode ficar sólido se não nos apoiarmos na
Graça que Ele nos concede.
O
apóstolo João, o mesmo que descreve a natureza de Deus (), revela-nos também a
intervenção primeira deste mesmo Deus quando ressalta: “Não fomos nós que amamos a Deus, mas Ele nos amou por primeiro” (João
1, 4). A nossa particularidade divina, se é que assim podemos dizê-la,
parte daí, da iniciativa de Deus em chamar-nos a esta natureza. Divinos por
participação, sendo Ele por natureza. É Jesus quem torna-nos capazes de Deus.[1] Ele que é simultaneamente
Deus e homem, torna-nos inseridos nessa permeabilidade. Mas esta “união íntima e vital com Deus” [2]
pode ser esquecida, ignorada e até rejeitada explicitamente pelo homem.
Tais
atitudes podem ter origens muito diversas: a revolta contra o mal no mundo, a
ignorância ou a indiferença religiosas, as preocupações com as coisas do mundo
e as riquezas[3],
o mau exemplo dos crentes, as correntes de pensamento hostis á religião, e
finalmente esta atitude do homem pecador que, por medo, se esconde diante de
Deus[4] e foge diante de seu
chamado[5].
A
carta de São Paulo aos Efésios é o que podemos tomar com maior propriedade
nesta área. Retratando lá sobre o “Plano
divino da salvação” (Ef 1, 4), Paulo desde o inicio se eleva ao plano
celeste, no qual se manterá toda a epístola. É do céu que, desde toda
eternidade, partiram e é lá que se realiza o fim dos tempos.
Ser
do alto não nos afasta em nada das intempéries e desafios do dia a dia. Ser
divino não é ser alienado, pelo contrário! A natureza divina nos coloca no
patamar da mais alta exigência e experiência de si mesmo consigo mesmo e com o
Altíssimo. Foi de lá que viemos, é para lá que retornaremos. Foi d´Ele que
partimos, é para Ele que vamos voltar. Aqui nasce o tema da liberdade, que não
nos fixaremos, mas, se em uma relação existe amor, existe liberdade; e esta é a
relação de Deus para com todos, seres livres e capazes d´Ele.
S
Ednaldo Oliveira, SDB.
Recife/PE,
29 de fevereiro de 2012.
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