terça-feira, 23 de agosto de 2011

“O medo segue os nossos sonhos...” *


Ah! Meu grande amigo cada vez mais, cada dia mais, fica mais difícil de te seguir. A cada caminho eu vou me contradizendo, eu vou me perdendo, eu vou esquecendo, e quando vejo já estou longe demais. Como posso esquecer o medo? Como posso não me preocupar?  Era tudo tão fácil, era tudo mais simples, e eu vou continuando sem mais saber para onde estou indo, para que estou indo, com quem estou indo. Eu me recordo de quando comecei. Nossa! Como as coisas mudaram... Eu pareço ter parado em meio a tudo isso, meus desejos são outros agora, meu pensamento é outro. Onde tu ficaste? Onde me deixaste? Onde dissesse que não percebi? Porque não me levaste contigo? Onde te expulsei? Onde me afastei? Onde eu fiquei?
Eu estou tão envergonhado agora. Encontro-me tão menos, sou tão mais, quero tão mais, destruo tão mais. Onde estou eu meu amigo? Onde eu fiquei? Por onde tenho andado? De quais privadas tenho provado? Eu não consigo não provar... Tenho andado por tantos outros vales, tenho estado com tantos outros. Eu não consigo não sair, não me afastar. Entrego-me sem querer parar, sem querer interromper. E tudo vai assim fazendo parte de mim.
Porque continuas a me chamar? Porque ainda continua com essa historia se sabes quem sou? Sabes o que faço, o que apronto, como sou falso, como invento, como invejo; por que continuas a convocar a mim? Olha para os outros, investes nos outros, aposta neles. Não agüento mais ser desacreditado pelos meus, que sabem que não posso que não consigo, que não mereço, não sou fiel.
Lembro dos nossos dias, das nossas alegrias, dos meus planos. Era tudo muito motivador, tão ingênuo. Agora? Bem, eu não sei exatamente o que farei. O mundo andou e eu fiquei, foi pra te encontrar que me gastei.

N. Ednaldo Oliveira, sdb.
Barbacena/MG, 15 de julho de 2011.
*Charlie Brown Jr.


“Como secos galhos revestidos de amarelo...”


                Pingos de água chegam a minha alma neste momento. Pingos indecisos, pingos intransigentes, pingos engasgados, pingos empurrados, pingos processados e possessivos, pingos carentes, pingos inteligentes, pingos que não tocam mais ninguém. Pingos transparentes.
                Eu não posso. Os pingos formam orquestra constante, ritmos elétricos, e os meus valores vão dançando em meio a tudo que se desliza nos sons em foco. Ele vai esperando, quase sem querer, mas empurrando em meio a tudo. Por mais difícil que seja ou pareça. Caem constantemente e retornam ao encanamento, transferem tudo ao todo, camuflam comprimentos e esperam transformação.
                Os pingos sou eu e não consigo parar de cair, parar de pingar, parar de retornar á encanação. Eu vou pingando, vou parando, eu vou chorando e não decidindo deixar de ser gota. Eu não me permito outra coisa, as derrotas não são minhas, os troféus também não. É quando eu não posso permitir que eu permito, é quando eu não posso querer que eu quero, e quando não quero perder, me tiram, me roubam.
                Criar a minha imagem da gota, do pingo, sem posse, como secos galhos revestidos de amarelo, quando ninguém mais creditava. E os pingos continuam caindo...

N. Ednaldo Oliveira, sdb.
Barbacena/MG, 09 de agosto de 2011.


Caminhemos, rumo ao horizonte...

“Não perdamos os passos, caminhemos rumo ao horizonte. Sempre em condições...”

Como pode, eu sendo o mesmo, mudar tanto assim? Faço reboques, dou voltas, faço redemoinhos e acabo me perdendo e não sabendo se retorno ou se paraliso aonde chego. Não sei o que procuro, não sei por que procuro,; a única certeza é que, nesses momentos,  não encontro nada.
O meu descontrole, o meu achismo, o meu ato de perceber, a minha capacidade de me achar superior e suprimir os outros, minha anciã por um domínio, e, ao mesmo tempo, meu sentimento extremo de comunhão e pluralidade. Em contrapartida, vejo-me pensando e fazendo tantas outras coisas, menos o que é purificável nos meus momentos mais sentidos e lógicos.
Fugimos tanto dos nossos desejos, das nossas metas, das nossas exigências. Porque nos afastamos tanto? Nos meus melhores momentos eu vejo um horizonte tão próximo, tão possível, a coisa torna-se tão cabível. Há! Se eu conseguisse não mudar de direção e seguisse no caminho que a sã mente me pede. Tenho uma certeza, não me perderia. Minha pergunta é sem resposta. É difícil caminhar sem a olheira usada pelos animais para fixar-se somente na direção que os outros estabelecem; o caminho é mais duro e pedregoso, porém, é caminho seguro.
Quererei eu então continuar esperando e me desconcertando constantemente? Isso gasta saída. Continuar se perguntando para onde se vai, perde-se os passos que deveriam estar sendo dados e enraizados no percurso desejado e seguro, rumo ao horizonte, próximo ou não. Sempre em condições.

N. Ednaldo Oliveira, sdb.
Barbacena/MG, 17 de agosto de 2011.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

E eu me via chorando sem lágrimas, gritando sem som nenhum, correndo, suando e procurando...

             Eu queria ter escrito ontem, mas as palavras não vieram, não cederam, não apareceram. Passei a noite inteira sentindo o que não sabia sentir, ouvindo o que não sabia ouvir; fui assim travando luta com as letras que estacionaram em minha mente e lá fizeram morada, meus dedos tremeram e eu não consegui escrever.
              As reações lançam constantemente questionamentos nos fundamentos de minha vida. O meio em que estamos inseridos, as coisas que nos impõem, as condições que nos estabelecem para isto ou aquilo, a capacidade que nós temos de nos afastarmos da nossa essência, a nossa ânsia por momentos e sensações egocêntrica que tão longamente sabemos.
              Clamo por sensações, por loucuras intermináveis, por transes e relances que me ponham na esterilidades das demais coisas. E eu me via chorando sem lágrimas, gritando sem som nenhum, correndo suando e procurando o encontrável ao jeito que queria. Ao mesmo tempo que pensava nisso, e pagava o preço por tais pensamentos, a mente, bem lá no último espaço do meu ser, me dizia: " quero alguém para mim, alguém que me ame, que me seja fiel, que esteja sempre ao meu lado, sempre por perto."
             Em contrapartida, vindo do mesmo espaço, do mesmo sentido, me vinha uma tapa bem dada que mostrava: " quem disse que não já tens essa pessoa? E essa será a única que jamais te largará, que contigo sempre permanecerá." Meu pensamento voltava-se somente para Deus. Nada mais, nem ninguém mais se encaixava neste contexto.
            Como é difícil entender isso! Como é difícil encaixar-se neste contexto...


n. Ednaldo Oliveira, SDB.
Barbacena/MG, 08 de Agosto de 2011.