“... Uma nova estação de maior amor pela Sagrada Escritura da parte de todos os membros do povo de Deus, de modo que, a partir da leitura orante e fiel ao tempo se aprofundem a ligação com a própria pessoa de Jesus.” [2]
INTRODUÇÃO
A Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, aconteceu no Vaticano de 05 a 26 de Outubro de 2008, teve como o tema: A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Foi uma experiência profunda de encontro com Cristo.
Com esta exortação apostólica pós-sinodal, o Santo Padre acolheu de bom grado o pedido que fizeram os Padres de dar a conhecer a todo o povo de Deus a riqueza surgida naquela reunião Vaticana e as indicações emanadas do trabalho comum.[3]
Ele indica aqui algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial.
Trataremos aqui de um texto admirável que nos dá uma síntese de toda a fé cristã, que nos dá a conhecer o fundamento da nossa vida: O VERBO.
1.0 . VERBUM DEI
O DEUS QUE FALA
“Portanto, exorto todos os fiéis a redescobrirem o encontro pessoal com a Palavra de Deus na comunhão eclesial, pessoal e comunitária com Cristo; Verbo da vida que se torna Divino.” [4]
É marcante a palavra introdutória do Santo Padre. As palavras por ele usadas dão um tom de movimento a toda a ação e motivação do documento. Sua alegria em estar junto aos Padres sinodais e, uma das prioridades do Sínodo: “reabrir no homem atual o acesso a Deus que fala e nos comunica seu Amor.”
O desejo ardente de que Deus fale e responda as nossas perguntas. As presenças de um rabino e do Patriarca Ecumênico de Constantinopla deram aos pastores de todas as partes do mundo ali presentes, uma profunda gratidão e a constatação de que na Igreja há um novo Pentecoste também hoje, ou seja, que ela fala em muitas línguas, e isto não só no sentido externo de estarem nela representadas todas as línguas do mundo mas também, e mais profundamente, no sentido de que nelas estão presentes os variados modos de experiência de Deus, a riqueza das culturas; e só assim se manifesta a vastidão da existência humana a partir da vastidão da Palavra de Deus.[5]
Sobre as diversas modalidades de com que usamos a expressão Palavra de Deus; os Padres sinodais acenam para uma sinfonia de palavras, de uma palavra única que se exprime de diversos modos: Um cântico a diversas vozes[6] que não faz de nossa religião uma religião do livro, mas a religião da Palavra de Deus, o Verbo encarnado e vivo. [7] A escuta da Palavra de Deus leva-nos em primeiro lugar a prezar a exigência de viver segundo a lei “escrita do coração”, isso nos dá, por meio da graça, a participação na vida divina. O realismo da Palavra de Deus nos leva a mudar nosso conceito de realismo: realismo é quem reconhece o fundamento de tudo no Verbo de Deus; a ceia criptológica mostra como o Senhor abreviou a sua Palavra, o próprio filho é a Palavra, é o logos: a Palavra eterna fez-se criança para que nós a entendêssemos. Agora ela tem um rosto, uma voz e por isso podemos ver, Jesus de Nazaré.[8]
O sínodo também recomendou que ajudassem os fiéis a bem distinguir a Palavra de Deus das tantas revelações privadas, cujo papel não é completar a revelação definitiva de Deus, mas ajuda a vivê-la mais plenamente.
1.1 . A PALAVRA DE DEUS E O ESPÍRITO SANTO
A Palavra indica a presença do Espírito Santo que faz a comunicação entre o Pai e o Filho. Ele nos indica sua presença na história da salvação e particularmente na vida de Jesus. Ele é o protagonista da encarnação do Verbo, do inicio da vida pública, do batismo e de todo o processo da missão do Cristo. Olhar para o paraclito nesta dimensão nos remete aos nossos pais na fé, o percurso que eles fizeram durante séculos de escravidão, não sozinhos, mas sempre com a atuação daquele que permanecia fiel em toda aquela história.
A culminância disso tudo, que nós já conhecemos e comungamos a concretização em Jesus Cristo, é o nosso Deus na permanência de sua fidelidade. Concretizar a história não põe nela um ponto final, pelo contrário, a continuidade disso tudo dá-nos lugar neste contexto, atuante até. Em toda a história da Igreja, em seu nascimento, em seus momentos mais oscilantes, nos momentos críticos e nos mais abundantes, ele sempre esteve presente. É o povo de Deus á caminho. É o Espírito que nos espera ansioso e quer ardentemente (respeitando nossa liberdade) que nos tornemos iguais, seres divinos. É a continuidade do movimento.