O vazio é coisa horrível,
porém real e constante. A vida vai passando e a gente vai esquecendo-se de
tantas coisas e lugares, a gente vai deixando de ir em tantos lugares, vai
deixando de encontrar e reencontrar tantos amigos deixados em tantas esquinas
deslizantes e anexas.
O
pior em tudo isso é quando o objeto do esquecimento somos nós mesmos. Quando
todos aqueles que nós mais precisaríamos naquele instante, naquela hora,
naquele auguro, simplesmente não te quer por perto. A sensação é nojenta. Nós
nos tornamos, para nós mesmos, o ser mais desprezível que se possa existir. O
pior é que as pessoas tem sim o poder de fazer isso com a gente.
Quando
nos mais aleijaríamos estar agarradinhos, nem que fosse somente a um olhar,
somos pelo contrário amassados pela amargura real da vida solitária, nos
descobrimos, ou passamos a nos portar como tal, o ser sem razão ou sem emoção
nenhuma. A vida só não vale a pena. Mas, o mais triste é quando a gente não fez
opção por isso. Quando fizeram a opção por nós é mais doloroso.
Uma
palavra tem um contexto enorme de destruição ou construção constante e elevada.
Eu não suporto estar só. Entrar em contato comigo mesmo é necessário, mas, é
diferente de se sentir desolado. É como
se estivéssemos em um profundo abismo sem volta, sem luz, sem ver, sem retorno,
sem sentido, sem esperança, sem voz, com medo. E, quando em qualquer momento da
vida, se é que ela existe, entra em cena o medo, as coisas tornam-se cada vez
mais complexas pela gravidade do não poder mais avançar pelo medo de estar,
medo de errar, medo do medo.
As
coisas não são tão simples. Não se brinca de ser feliz. Não brinque comigo. Não
me imponhas outra coisa, não me peças outro comportamento, não me peças para
mudar assim tão repentinamente. Nasci assim mesmo e ainda estou em construção.
Nem mesmo eu sei bem onde estou indo nem porque estou indo por aqui. Nos não
somos aquilo que queremos. A vida não é aquilo que planejamos. As coisas não
são como esperamos.
Eu
só tenho isso para te oferecer, é uma pena! Sim, eu queria poder e saber
oferecer mais, porém, eu também não entendo minhas ações. Eu também não sei por
que tenho medo de lhe dizer quem sou. Não é porque não quero que não lhe digo
ou não lhe mostro, é porque não sei mesmo. Não sei. Talvez meu maior medo seja
o medo do medo de me encontrar. Não me fales do que eu deveria ser, aceita meu
mau cheiro insuportável se queres vim comigo pelo caminho mas, por favor, não
me faças caminhar ao teu lado pensando e apostando em alguém que, tão
longamente me deixará, sozinho.
Mas,
que eu saiba me enfrentar. Que eu saiba ficar sozinho com a fera que existe em
mim e que eu aprenda a ficar com o nada que a vida ousa me oferecer. Afinal,
cheguei sem nada...
S Ednaldo Oliveira, SDB
Recife/PE, 08 de junho de 2012.
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