segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Leva-me de volta. Vem depressa!

As coisas que eu não me atrevia pronunciar caíram todas sobre mim, porque todas elas eram relacionadas a mim e eu não me atrevia observar-me.
As coisas que lançavam sobre mim e eu me emburrava em renunciar eram todas mesmo para mim e eu nunca as quis perto de mim. Tinha medo que escurecessem minhas honras, que nem mesmo existiam, tinha medo de que não mais acreditassem em mim, mesmo sabendo que ninguém esperava que não errasse. Sempre tive medo daquilo que sobre mim falavam ou pensavam, sempre quis conservar uma boa imagem e ser lembrado depois como um modelo a seguir. As coisas não foram como esperava que fossem. Elas foram, e são como devem ser.
Não consigo esquecer o que os outros pensam ou pensam pensar de mim. Também não consigo fazer aquilo que sempre ao deitar penso em fazer. Eu quero ver o sol! Mas ouso em querer também ser o sol; eu quero ver Deus, mas ouso em quere também ser deus; eu quero levar Deus a todos, mas ouso em querer anunciar-me a todos.
É complexo, não acha? Sinto-me perdido e desencontrado. Parece que todos os que estão a minha volta estão ordenados como Eles os destinou, e eu... Eu estou aqui tentando O encontrar, enquanto Ele esconde-se constantemente. Parece não querer permanecer comigo e isto me faz frustrante.
Penso em tudo e em todos, menos em mim. Entendo tudo e todos, mesmos a mim mesmo. Espero tudo e todos, mas ninguém espera por mim. Não sei quem sou, e por mais que tente me conhecer, eu acabo me escondendo de mim. Pareço estar rindo de mim. Se algum dia já me conheci, me perdi novamente e não sei mais o caminho de volta até mim. Falo agora ao meu eu que agora me escuta:

“Leva-me de volta, pois não consigo mais relacionar-me comigo mesmo nem com os outros. Encontro-me sem rum, sem chão e ninguém mais suporta estar perto de mim. Portanto, eu te suplico, diz ao meu eu que tenho saudades dele e estou sozinho e solitário, pois as coisas são confusas e solitárias, escuras e sem horizontes, amargas e sem ninguém. Vem depressa! Se não, encontrar-me-ás em um sombrio final de tarde, num pequeno banco sentado esperando sem nada, solitário e chorando como criança, pois ninguém quis ficar ao meu lado...”


A noite chega e tenho medo da escuridão, não sei caminhar sozinho, pois meus gritos e meu bico espantaram tudo de perto de mim, o desespero agora é meu familiar, pois as coisas não são mais as mesmas. É como se eu houvesse me perdido há muito tempo e não sentisse antes que estava longe de casa, longe dos meus, longe do meu eu. Vivo a espera de encontrar-me novamente comigo; não importa o lugar, importa somente que meu eu queira encontrar-me novamente.
A busca é desenfreada, e eu tenho medo de não me encontrar. Tenho medo, tenho medo, tenho medo...


N. Ednaldo Oliveira, SDB.
Barbacena/MG, 02 de janeiro de 2012.



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