Se
eles soubessem o quanto carrego nos ombros o peso de tudo isso, se ao menos
percebessem o alargamento em mim que existe em mim e o mim que se apresenta á
eles; e por mais que queira, não consigo juntá-los, não consigo conciliá-los,
igualá-los, amarrá-los, entrevê-los. Quem não entende sou eu, quem não agüenta
sou eu, quem não suporta sou eu, quem não sabe mais o que fazer sou eu, quem
está determinantemente desesperado, sou eu.
As coisas não são tão fáceis como
esperamos, as coisas não se deslocam como programamos, as coisas não se
desenvolvem como projetamos, as coisas não são tão claras como queremos. Do
mesmo modo, nós não somos como deveríamos.
Ninguém faz o que quer, ninguém fica
com o que quer, ninguém espera como quer, ninguém estabelece como quer, ninguém
se relaciona como quer, ninguém é o que quer. A estabilidade é escarnecida. Não
somos coisas, mas nos projetamos e nos comportamos como tais. E não há outra
receita além dessa, e quem já descobriu esta incriável, por favor, me mostre,
pois não consigo chegar até ela e pago um alto preço por isso. Ninguém sabe
quem é essa tal ninguém que existe dentro em nós. Um astuto sem precisão. Da mente
ao coração.
Estou a ponto de não mais saber
onde, como, porque, por onde, de onde, para onde... E quando se chega a este
estágio é sinal que não estamos nada bem. Porque me perguntar tanto sobre mim
se sei que não responderiam a mesma pergunta direcionada ao lado contrário da
ordem? Nada é como desejamos, não chegamos onde queremos, não conhecemos tudo
que queremos, nem precisaríamos. Acontece o mesmo com nossas maiores
profundezas. Nós não conhecemos seus caminhos.
Ser fruto do meio é extremamente
credível, ser esperança de alguém é um fator importante, mas, “ser busca” de si
mesmo é determinante e nós nunca chegaremos a nós mesmos completamente. É
desafiador. Mas me sinto melhor ao constatar isso. Significa que então não
parei no caminho e me vejo um eterno bobão que vai e vem, ganha e perde, acha e
procura novamente, chora e ri; na constante luta da vida; entre nós e nós, eu e
eu, você e você. Na maior viagem, da mente ao coração.
Para todos os lugares existentes
existem também caminhos existentes. Não há nenhuma contradição ou redundância.
Se existe o ser, existirá também, em algum lugar o caminho até ele; e, por mais
que ousemos procurá-lo, ele parece esconder-se de nós. E nesta luta constante
nós sempre acabamos perdendo no final de tudo. E ele rindo de todos.
O que fazer então no fim do dia
quando o sol novamente nos interrompe quando nós pensávamos iniciar o processo
de iniciação ao primeiro degrau de uma escada inacabada? Como esconder nossas
maiores mazelas recheadas de um sentimento enorme de desprezo por não ter
conseguido chegar até nós mesmos? O que temer mais? O que querer mais neste fim
de tarde sombrio e sozinho sem nem mesmo nós nos encontrarmos naquele banco
sujo e tão visitado que tão longamente esperamos encontrar?
Se a tarde chegou e não consegui
caminhar... Ótimo, é sinal de que não fiz exatamente nada! Porque somos assim,
cada dia um mim toma conta de mim. E, e no final de tudo, a culpa é toda minha
por não saber quem sou. E porque tenho medo de descobrir quem sou?
S
Ednaldo Oliveira, SDB.
Recife/PE,
05 de março de 2012.
A procura para descobrir o que realmente somos nos leva a lugares jamais imaginados, isso provoca medo, pois o novo assusta e o passado nos ajuda! As vezes procuramos coisas que esta escondida em esconderijos criados por nós mesmo, mas de qualquer forma quando vamos em busca de respostas, respostas para o motivo pelo qual ainda continuamos lutando e seguindo, encontramos lugares que são desconhecidos e ao mesmo tempo familiares!
ResponderExcluirPois é. Mas nós seres humanos vivemos um complexo constante, é uma pergunta que não nos deixa nunca: "Porque tenho medo de dizer quem sou?"
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