domingo, 11 de março de 2012

Viver é consumir e consumir-se



A busca desenfreada pelas coisas não é a finalidade do consumista, é o meio, o canal. Antes de consumir, a luta dentro de si mesmo é um fator desconcertante e sem explicação. Perde-se o sentido das coisas e não se sabe mais a finalidade do ser ou estar. É a principal característica do consumismo: a perda de sentido e da personalidade. O “ser” humano em sua essência requer um sentido para a existência e a relação entre ser e ter precisa caminhar juntas. A confusão gerada é destruidora.

Estando nesta desestruturação, a luta agora é para mostrar a todos os que estão ao redor, até mesmo os que não o conhecem e não são influentes, que se está bem; tendo. Nesta nova fase do desconcerto, se tornam importantes as pessoas que não eram, tornam-se até determinantes, porque são aquelas que estão no mesmo lugar que o individuo, nas compras; provas concretas de que se está bem.

 Existe uma grande diferença entre consumidor e consumista. O consumidor é aquele que, ao trabalhar e conseguir seu sustento precisa consumir para sobreviver. E se esforça bastante para permanecer num padrão de vida dentro da dignidade de ser humano. Já o consumista, tendo ou não tendo como se sustentar ele quer somente mostrar. Mostrar, primeiro para ele mesmo, depois para os outros que ele é. Essa é a primeira luta, depois é que vem a luta do ter. Que na realidade, ele nem sabe que é um consumista, um doente.

O símbolo da felicidade humana é o SER e não o TER. O único consumo dotado de dignidade humana é o consumo de si mesmo, é o perder-se em si mesmo, é o encontrar-se e encerrar-se em si mesmo. É esse o projeto do ser humano, se encontrar. É uma busca constante e desafiadora. Ao mesmo tempo, uma aventura por entre os mistérios de nossa consciência e inconsciência.



S Ednaldo Oliveira, SDB.
Recife/PE, 11 de março de 2012.

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