terça-feira, 23 de agosto de 2011

“Como secos galhos revestidos de amarelo...”


                Pingos de água chegam a minha alma neste momento. Pingos indecisos, pingos intransigentes, pingos engasgados, pingos empurrados, pingos processados e possessivos, pingos carentes, pingos inteligentes, pingos que não tocam mais ninguém. Pingos transparentes.
                Eu não posso. Os pingos formam orquestra constante, ritmos elétricos, e os meus valores vão dançando em meio a tudo que se desliza nos sons em foco. Ele vai esperando, quase sem querer, mas empurrando em meio a tudo. Por mais difícil que seja ou pareça. Caem constantemente e retornam ao encanamento, transferem tudo ao todo, camuflam comprimentos e esperam transformação.
                Os pingos sou eu e não consigo parar de cair, parar de pingar, parar de retornar á encanação. Eu vou pingando, vou parando, eu vou chorando e não decidindo deixar de ser gota. Eu não me permito outra coisa, as derrotas não são minhas, os troféus também não. É quando eu não posso permitir que eu permito, é quando eu não posso querer que eu quero, e quando não quero perder, me tiram, me roubam.
                Criar a minha imagem da gota, do pingo, sem posse, como secos galhos revestidos de amarelo, quando ninguém mais creditava. E os pingos continuam caindo...

N. Ednaldo Oliveira, sdb.
Barbacena/MG, 09 de agosto de 2011.


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