As tardes de setembro são desastrosas e torturantes.
Elas esfregam em nós as coisas que deveríamos ter resolvido.
Elas esmagam em nós os atos que deveriam ter acontecido.
Elas estragam tudo.
Porque não nos deixam mais fazer pelo tempo que já não temos.
As tardes de setembro são escandalosas e frustrantes.
Elas nos esperam perto de uma janela qualquer.
Elas apertam as coisas e exigem uma saída da razão.
Elas não são justas.
Porque elas não nos esperam nos impulsionam mais a nada.
As tardes de setembro são longas e pesadas.
Elas quebram qualquer possibilidade de liberdade e reencontro.
Elas me livram de mim mesmo quando mais preciso estar lá.
Elas são amargas.
Porque nos situam em um horizonte inexistente.
As tardes de setembro são confrontadoras e mentirosas.
Elas nos alimentam na incredulidade das coisas.
Elas me colocam na expectativa de uma certeza frustrante.
Elas são astutas.
Porque não se mostram totalmente, mas gradativamente devagar e sempre.
As tardes de setembro são irrepetíveis e únicas.
Elas arrastam saudosismo e arrancam lágrimas.
Elas temem as transparências e preferem as conquistas.
Elas são um tempo de osmose.
Porque nos mudam, nos rasgam, nos assolam, nos esmagam.
As tardes de setembro são frustradas e humanas.
Elas não nos deixam fugir do que já deveríamos ter desvendado.
Elas não nos deixam fugir quando as motivações não aparecem.
Elas são claras.
Porque refletem a finalidade das motivações mais superficiais.
As tardes de setembro são preparos e decisões.
Elas não nos solidificam para as tardes seguintes de outubro.
Elas fazem o contrário, optam pela desconstrução das ilusões.
Elas são como vento.
Porque fazem bem o papel da provação do que deveria ser rocha.
As tardes de setembro são raízes e lembranças.
Elas aram o sentido blindado que trouxemos até aqui.
Elas enterram-nos e sufocam-nos no buraco mais profundo existente.
Elas estufam canivetes.
Porque esperam de nós alarmes extremos funcionando e gritando ações.
As tardes de setembro são silenciosas e esperançosas.
Elas vão se estendendo sobre todo o feito e querendo respostas.
Elas esperam ansiosamente o retorno de nossa essência ao todo.
Elas não retornam.
Porque os dias vão e não voltam nunca mais.
N Ednaldo Oliveira, SDB.
Barbacena/MG, 30 de Setembro de 2011.
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